Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Os guarda-sóis ajudam a diminuir o calor, mas garantido mesmo contra os raios ultravioleta é o uso do bloqueador solar
Tudo tem a ver com a água. Em dias quentes, ou quando fazemos atividade física, é inevitável transpirar - e nesse processo perdemos água. "O suor responde por cerca de 25% da água que perdemos durante o dia", diz a professora Elvira Sampaio, que dá aulas de biologia no cursinho decisivo. Uma pessoa que não fizesse exercício nenhum ainda precisaria beber um litro de água diariamente. A transpiração tem dois objetivos, diz Elvira: a excreção (o suor contém amônia, por isso cheira mal) e o controle da temperatura do corpo. "Quando fazemos exercício ou estamos em um ambiente muito quente, a temperatura do corpo sobe e começamos a suar. A água do suor evapora e refresca a pele", explica.
Mas por que tanta água? "Toda reação química no organismo precisa de água, que representa 70% do corpo", responde Elvira. Ela é necessária para funções como o metabolismo e o transporte celular, diz. As reações no corpo demorariam muito se não fosse pela ação das enzimas, que aceleram processos como a digestão. Para se ter uma idéia, só levamos uma hora para digerir um bife por causa das enzimas - se elas não agissem, o processo demoraria três meses! E as enzimas só funcionam se houver água. "Nós somos como uma semente, que é cheia de enzimas, mas não germina em solo seco, só em solo úmido", compara. A falta de água, acrescenta, tem conseqüências como a observada na Meia-Maratona do Rio, em setembro, quando Lucélia Peres liderava a prova, mas desmaiou a poucos metros da chegada.
Elvira ainda explica como funcionam os isotônicos. "São bebidas que, além da água, também repõem os sais perdidos na transpiração", diz. Essas bebidas são recomendadas quando o ritmo do exercício físico é maior, como em um jogo de vôlei na praia. "Se a atividade é pouca, uma caminhada, só a água basta para o organismo voltar ao normal", esclarece. E o melhor de todos os isotônicos vem da própria natureza: a água de côco. "Nem precisa ser daquelas que compramos no supermercado", brinca, lembrando que o Brasil chegou a exportar o produto durante a Segunda Guerra Mundial por causa de suas propriedades de reposição de sais.
Se a falta de água é um perigo, o excesso de sol também é - e tudo por causa dos raios ultravioleta (UV), que se tornaram mais ameaçadores com as agressões à camada de ozônio da atmosfera. "Os raios UV são mutagênicos, quer dizer, alteram moléculas de DNA. As células da pele passam a se dividir de modo irregular, e o resultado é o câncer de pele", resume Elvira. Quanto mais exposição, maior o dano. "Mesmo em Curitiba, foi demonstrado que não podemos ficar mais de meia hora expostos ao sol sem proteção", alerta a professora. Por isso os cremes protetores são tão importantes, ao impedir que os raios afetem a pele. "Não só os veranistas precisam usar o protetor: para quem trabalha ao ar livre ele também é imprescindível", acrescenta Elvira, que ainda é professora em um curso técnico de Segurança do Trabalho.
Elvira esclarece que os raios UV não têm relação com o processo de bronzeamento. "Mas o bronzeamento também é uma agressão - as células chamadas melanócitos são 'provocadas' para produzir mais melanina, pigmento responsável pela cor da pele", explica, acrescentando que, quando a pele fica vermelha em vez de bronzeada, trata-se de queimaduras de primeiro grau. Mesmo peles escuras estão sujeitas ao câncer de pele por causa dos raios ultravioleta - que, no entanto, também têm efeitos benéficos. "Os raios são importantes para a produção de vitamina D, responsável pela fixação do cálcio e o fortalecimento dos ossos. Por isso os presos tomam banhos de sol e os pediatras recomendam que as crianças pequenas façam passeios ao ar livre mesmo no inverno", diz.
MARCIO ANTONIO CAMPOS
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